19 de junho de 2013

COMO O MUNDO ENCARA AS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL


                           

Os protestos contra o aumento da tarifa de ônibus nas principais capitais brasileiras ganharam as manchetes dos principais jornais internacionais nesta terça-feira, 18, mas o que vem sendo dito por lá não é exatamente o que se vê e ouve por aqui.

Embora os protestos tenham começado como um movimento de indignação com o aumento das tarifas de ônibus, principalmente entre jovens de classe média, a falta de uma liderança e de uma causa bem definida deu lugar a ambiguidades sobre o que querem esses jovens. O que se fala hoje é que o movimento se deve a um “somatório de insatisfações”, que, além do reajuste de tarifas sem melhora no transporte público, inclui a alta do preço dos alimentos, inflação generalizada, corrupção e, também, os gastos com a Copa.


Já na imprensa internacional, onde o Brasil vem ganhando uma maior projeção por ser o país sede da próxima, as notícias dos protestos tem sido avaliadas pelo viés da Copa, ou seja, como se as manifestações estivessem ocorrendo pela indignação de jovens com os investimentos direcionados para a construções de mega estádios a custos extremamente elevados. Não é bem assim.

Além das tarifas de ônibus, que estaria manifestamente na raiz dos protestos,inflação também contribui para o descontentamento. As pessoas se sentem reféns da política econômica do governo.Pesquisas mostram que a confiança do consumidor brasileiro piorando sistematicamente. Preços mais altos estão prejudicando o planejamento familiar e a vida das pessoas. O ano começou difícil com a alta dos alimentos (cerca de 15%), problemas de safra, seca no Nordeste e gargalos nos portos. Já estava difícil fechar as contas e o reajuste teria sido a gota d´água. O valor dos aluguéis subiu acima das expectativas e projeções. O baixo crescimento do país também tem contribuído. O Brasil começou o ano com expectativas muito boas de crescimento, de 4%, mas isso não aconteceu. O PIB está abaixo de 2,5%, e a popularidade de Dilma caiu.

                         


Enquanto isso, para o jornal britânico ‘Guardian’, jovens brasileiros estariam apenas expressando frustração com serviços públicos e a Copa do Mundo. O Der Spiegel diz que milhares de manifestantes protestam contra a corrupção e a Copa do Mundo. A BBC diz que os protestos se devem ao aumento dos custos do transporte público e os gastos com a Copa do Mundo. O The Times diz que os manifestantes são pessoas indignadas porque o Brasil vai sediar a Copa. Alguns já chamam o protesto de World Cup protests. E por aí em diante.

Foge à regra o New York Times que, em matéria equilibrada, cita o aumento das tarifas como estopim das manifestações e lembra que o primeiro protesto com essa reivindicação começou em Porto Alegre em abril, quando manifestantes comemoraram nas ruas uma liminar que congelava o preço da passagem. O jornal acrescenta que, atualmente, os protestos ampliaram seu leque de reivindicações para incluir não somente a questão da mobilidade urbana, mas a inflação, corrupção e gastos com a Copa também.

“Uma questão que está vindo à tona envolve a raiva devido aos investimentos elevados para a construção de estádios em várias cidades do país antes da Copa do Mundo de 2014, que o Brasil está se preparando para sediar. Alguns projetos foram prejudicados pelo excesso de custos e atrasos, e as estruturas inacabadas são como um monumento à injeção de recursos em arenas esportivas num momento em que as escolas e sistemas de transporte público precisam de melhorias”.

            





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